As contas das empresas estatais federais do Brasil devem encerrar 2024 com o maior déficit registrado nos últimos 15 anos, atingindo R$ 3,7 bilhões, segundas projeções do governo. O rombo, que já somou R$ 3,3 bilhões até agosto, reflete a situação de mais de cem estatais em setores como infraestrutura, telecomunicações e agropecuária.
Entre as empresas que mais se desenvolvem para o déficit em 2024 estão a Emgepron, os Correios, a Empresa Gestora de Ativos (Emgea), a Infraero e a Dataprev. A Petrobras, a Eletrobras e os bancos públicos não estão incluídos nessas contas devido às suas características de governança semelhantes às de empresas privadas.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva justificou o resultado negativo como consequência do aumento dos investimentos em tecnologia e equipamentos, financiados por recursos próprios das empresas. Entretanto, os especialistas alertam que a continuidade do déficit pode comprometer a compensação do país e dificultar o equilíbrio das contas públicas.
O economista Gabriel Barros destacou a preocupação com a sustentabilidade dos repasses federais aos estatais, enquanto Claudio Frischtak anunciava que o custo do déficit recai sobre a população, elevando juros e o risco país.
Algumas empresas explicaram as suas situações: a Emgepron atribuiu o déficit aos gastos com construção naval para a Marinha, enquanto os Correios afirmaram que o rombo é herdado, mas estão usando recursos próprios para a recuperação. A Emgea, Infraero e Dataprev enfatizaram que não necessitarão de repasses do governo, garantindo que suas operações sejam cobertas por recursos internos.
A previsão é de que os resultados financeiros das estatais continuem desfavoráveis nos próximos anos, o que coloca ainda mais pressão sobre o Governo Lula para revisar gastos e equilibrar as finanças.