A crise diplomática entre Brasil e Venezuela ganhou um novo e preocupante episódio nesta quinta-feira (31). A Polícia Nacional da Venezuela publicou em suas redes sociais uma montagem com uma ameaça direta ao Brasil. A imagem traz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da bandeira brasileira, com a frase provocativa: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”.
O gesto ocorre após a rejeição do governo brasileiro à entrada da Venezuela no bloco econômico dos Brics. Apesar do apoio da Rússia, que atualmente preside o grupo, o presidente Lula tentou que o Itamaraty vetasse a adesão venezuelana, decisão que gerou críticas severas ao governo de Nicolás Maduro. O líder venezuelano já havia usado a expressão agora publicada pela polícia para rebater o veto: “Quem tentou calar ou vetar a Venezuela no passado se deu mal. Quem pretende vetar ou calar a Venezuela nunca conseguirá”, declarou Maduro.
A situação se complicou ainda mais após o Brasil não considerar a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho, o que levou a pedidos do governo brasileiro para que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela divulgasse as atas apresentadas do resultado. Durante a Cúpula dos Brics em Kazan, na Rússia, realizada de 22 a 24 de outubro, Maduro afirmou que a Venezuela “faz parte desta família dos Brics” e procurou fortalecer sua posição para entrar no bloco. No entanto, a entrada de novos membros exige consenso entre os integrantes, e o Brasil manteve sua oposição.
O presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, chegou a ameaçar declarar Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, como persona non grata. Além disso, Maduro acusou o Itamaraty de ser um “instrumento do Departamento de Estado dos Estados Unidos”, alimentando ainda mais a tensão.
A crise diplomática se intensificou no dia 30 de outubro, quando o governo venezuelano convocou o embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para consultas. Essa é uma medida diplomática forte, que sinaliza descontentamento e pode anteceder uma ruptura oficial das relações entre os dois países, caso Maduro decida retirar o extremo embaixador de Brasília permanentemente.
Celso Amorim defendeu o Brasil das acusações, afirmando que o país está sendo injustamente criticado, mas a crise continua a se desenrolar, ameaçando gerar consequências políticas e econômicas na região e afetando as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela.