O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) traçou paralelos entre sua trajetória política e a de Donald Trump, estabelecendo que os desafios enfrentados por ambos, como a polarização e as disputas institucionais, seguem um “padrão” comum. “Tudo o que acontece lá, acontece aqui”, declarou Bolsonaro em entrevista à Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (7), fazendo alusão às dificuldades que ele e Trump enfrentaram em seus respectivos países.

Bolsonaro também revelou o desejo de comparecer à posse de Trump, caso o ex-presidente americano vença as eleições de 2024. Com seu passaporte retido em razão das investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, ele planeja solicitar uma autorização ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para a viagem. “Vou pedir ao Alexandre. Ele decide”, afirmou Bolsonaro, reforçando sua admiração por Trump.

De acordo com o jornal O Globo, aliados de Bolsonaro já entraram em contato com Michel Temer (MDB), ex-presidente que pode intermediar a aproximação com Moraes. Temer, inclusive, foi considerado pelo próprio Bolsonaro como um potencial vice em uma possível nova candidatura ao Planalto. “Não descarto conversar com ninguém, até com você”, brincou Bolsonaro, antes de elogiar Temer como uma figura “garantista” e experiente.

Críticas ao Judiciário e promessa de mudança no governo

Bolsonaro voltou a criticar o Judiciário, afirmando que o STF deveria se limitar à resolução de conflitos, sem interferir em outras esferas de poder. “Quem não tem o poder de se intrometer em nada é o Judiciário”, afirmou. Para ele, o Parlamento deveria ter a “última palavra”, enquanto o Executivo atuaria de forma autônoma. Em tom de crítica ao governo Lula, Bolsonaro acrescentou: “Para o Lula é muito bom. Comigo tinha no mínimo uma intervenção do Supremo por semana”.

O ex-presidente também admitiu erros em seu estilo de governo e sugeriu que, caso eleito novamente, mudaria a estrutura do Palácio do Planalto para ter um perfil “mais político” e com menor presença de militares. “Os ministros do Palácio devem ser políticos, não os que eu coloquei”, disse. Bolsonaro reconheceu que seu estilo impetuoso contribuiu para atritos, e que buscava uma relação mais estratégica com a imprensa.