Em uma nova declaração sobre o homem que detonou explosivos próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes classificou o incidente como um “gravíssimo ato terrorista” e criticou aqueles que tentam minimizar o ataque. A fala foi feita no plenário do STF nesta quinta-feira (14), durante sessão de julgamentos, onde Moraes elogiou a atuação da Polícia Judiciária, da Polícia Federal e da Polícia Militar, que impediram o suspeito de entrar no STF e causarem um desastre de maiores proporções.
“Não poderia deixar de lamentar a mediocridade de várias pessoas que continuam querendo banalizar um gravíssimo ato terrorista. No mundo todo, alguém que coloca arquitetos para matar pessoas é considerado um terrorista”, afirmou Moraes, em resposta às respostas que chamaram o incidente de “mero suicídio”.
Moraes aproveitou a ocasião para criticar a “normalização” dos ataques às instituições e acusar certos grupos de promoverem discursos que prejudicam o Estado de Direito. “Essas pessoas não são apenas negacionistas na área da saúde, são negacionistas do Estado de Direito e devem ser responsabilizadas e serão responsabilizadas”, ressaltou.
Pela manhã, o ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por suposta instigação dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, publicou que as explosões foram “um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa”. Em sua postagem na rede X, Bolsonaro fez um apelo por “pacificação nacional”, discurso adotado frequentemente por aliados políticos para defender a anistia dos presos de janeiro — uma proposta que também pode beneficiar o próprio ex-presidente.
Moraes, no entanto, reiterou a sua posição contra qualquer tipo de anistia para os responsáveis pelos atos violentos. “Só é possível a pacificação do país com a responsabilização dos crimes, não existe possibilidade de pacificação com anistia a crimes”, afirmou. Para o ministro, “criminoso anistiado é violência impune”, e a ausência de autonomia tem alimentado uma escalada de ataques e agressividade contra o STF e outras instituições.
Moraes também ligou o episódio ao “gabinete do ódio”, suposto grupo que teria fomentado discursos de ódio e ataques às instituições democráticas. Sem mencionar Bolsonaro, o ministro sugeriu que pessoas de alto cargo na República podem ter instigado essas ações, criando um ambiente favorável a ataques violentos contra o Judiciário e a democracia.
Designado pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, para conduzir o inquérito das explosões, Moraes declarou que, além do episódio de 8 de janeiro, o ocorrido na quarta-feira (13) é “talvez o atentado mais grave contra o STF”.