O Dia da Consciência Negra, realizado nesta quarta-feira, 20 de novembro, foi marcado por festa na Comunidade Quilombola de Paratibe, em uma programação preparada especialmente pela Secretaria de Habitação Social de João Pessoa (Semhab), em parceria com a Associação Beneficente das Comunidades Remanescentes de Quilombos dos Palmares (ABCRQ-JP). Teve artesanato, pintura, dança, apresentações musicais, palestras e, acima de tudo, valorização da cultura afro e muito respeito à luta de seus ancestrais.
“A Secretaria de Habitação trabalha com essa parte social, inclusiva, feita em parceria com a associação. É trabalho de geração de emprego e renda com artesanato, educação física, trabalho para idosos e deficientes, além da questão cultural, dentro da cultura dos quilombos”, ressaltou Socorro Gadelha, secretária de Habitação.
Este é o primeiro ano em que o Dia da Consciência Negra passou a ser feriado nacional. Simony Teixeira, coordenadora do evento em Paratibe, celebrou as conquistas da comunidade, ressaltando a importância da data comemorativa. “A nossa comunidade é um símbolo de luta e resistência por tudo que já resgatamos e construímos. E no Dia da Consciência Negra, vemos ainda mais forte a importância de lutarmos juntos por um desenvolvimento social. Nossa comunidade sempre obteve benefícios, apoio social e nos mantivemos unidos em meio às adversidades, mantendo viva a cultura dos nossos ancestrais, valorizando uns aos outros, fortalecendo a nossa identidade cultural”, afirmou.
Simony Teixeira explicou que no evento é apenas uma mostra de vários projetos que estão sendo desenvolvidos na comunidade. “Um exemplo do projeto de musicalidade, que hoje demonstramos uma amostra com apresentações em vários ritmos e com diferentes instrumentos musicais. Hoje contamos com cerca de 50 jovens participantes, inclusive crianças autistas, que apresentam grande evolução, sendo mais receptivos e socializando mais com as pessoas”.
Oficina de pintura – Um dos destaques do evento comemorativo desta quarta-feira foi a oficina de pintura, ministrada pelo artista plástico pessoense Jorge Charles (@jorgecharles_). Os trabalhos colocados expostos e outros sendo pintados na hora pelos alunos. Na oficina estão matriculados cerca de 30 pessoas, com idade a partir de 8 anos. “Eles interagem com a pintura em vários estilos e, posteriormente, podem pensar em trabalhar com tatuagem, pintura em tela, grafite ou restauração”, afirmou Jorge Charles.
Entre os jovens artistas estava Fernando Severo, de 17 anos, que já sonha em trabalhar com tatuagem. “Sempre gostei de desenhar e com o professor orientando a gente sente que vai melhorar”.
Outro jovem artista, Nirraryson da Silva, de 15 anos, frequenta a oficina de pintura há um ano e já expôs suas obras na exposição. “Já aprendi muita coisa. Misturar cores, pintar vários estilos. A arte pra mim me liga à minha ancestralidade. Eu gosto muito”, disse.
Demais projetos – Todo esse trabalho realizado com os moradores da Comunidade Quilombola de Paratibe também conta com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). “Todo o trabalho é voltado para a questão da formação cidadã, onde focamos na economia solidária. Nós estamos desenvolvendo um projeto aqui em conjunto com todos que participam desse grupo, para que eles se organizem de forma solidária, para que a economia solidária seja um caminho de auto-sustentação”, explicou a secretária de Desenvolvimento Social, Norma Gouveia.
Crianças, jovens e adultos também participam de oficinas de artesanato, de valorização da cultura negra, através da maquiagem artística, além da oficina da ‘Rosas do Deserto’. “O trabalho com as ‘Rosas do Deserto’ faz com as crianças e os adolescentes, com foco na importância da plantação, do cultivo. Esse projeto existe há quatro anos e conta com 30 crianças e adolescentes, além das mães que também participam. Aliás, a maior parte dos projetos conta com a participação das mães para estimular o convívio com seus filhos”, destacou Simony Teixeira.
A coordenadora conta ainda que os adolescentes podem participar de mais de um projeto. “Na Associação, a gente abre espaço para eles, para adquirirem o conhecimento em todos os escritórios. Além do que estão hoje aqui no evento, pensamos, tanto o básico quanto o avançado, como montar sua própria empresa online, música, maquiagem para as mulheres negras, danças afro, teatro e encontros de fortalecimento de vínculos”, informou.