Nesta quinta-feira (28), o dólar comercial alcançou a marca histórica de R$ 6 pela primeira vez no Brasil. A moeda norte-americana apresentou alta desde a abertura das negociações, impulsionada pelo anúncio do pacote de medidas de contenção de gastos divulgado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no dia anterior.
Por volta das 11h21, o dólar bateu o recorde histórico, registrando valorização superior a 1% em relação ao fechamento da última quarta-feira (27). Às 12h22, a cotação recuava progressivamente, sendo negociada a R$ 5,99.
Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), também refletiu o clima de incerteza. Às 12h22, o índice caiu 1,17%, chegando a 126.181 pontos. O movimento foi influenciado pelas expectativas frustradas do mercado em relação ao impacto eficaz das medidas anunciadas.
De acordo com a agência Reuters, o analista Flavio Conde, da Levante Investimentos, classificou as medidas como “desanimadoras”, apontando a ausência de cortes efetivos de despesas. Dados apresentados pelo economista Fernando Ulrich indicam que os gastos previstos com programas sociais, como o Bolsa Família, permanecem elevados, com uma economia estimada de apenas R$ 2 bilhões para 2025, o que foi insuficiente para entusiasmar os investidores.
Além disso, o anúncio de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil gerou dúvidas no mercado quanto às previsões das compensações fiscais propostas. O analista da StoneX, Leonel Mattos, destacou que o adiamento do pacote econômico elevou as expectativas, resultando em maior decepção com o conteúdo apresentado. “O comunicado do governo acaba frustrando essas expectativas”, avaliou.
O mercado adota, agora, uma postura defensiva diante das incertezas sobre a capacidade de o governo implementar as compensações necessárias e atender às expectativas de ajuste fiscal.