A eleição para a liderança da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) revelou um racha significativo na bancada evangélica do Congresso Nacional. Otoni de Paula (MDB-RJ), que perdeu a disputa para Gilberto Nascimento (PSD-SP), atribuiu sua derrota à influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados. A eleição marca um novo capítulo nas tensões entre parlamentares alinhados ao bolsonarismo e aqueles que buscam maior independência política.
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Na noite de terça-feira (26), Nascimento foi eleito presidente da FPE com 117 votos, enquanto Otoni recebeu 61. O deputado derrotado afirmou que a campanha contra sua candidatura foi orquestrada para afastá-lo definitivamente de Bolsonaro. “Foi a eleição do medo. Eu fui o cara mais aliado do Bolsonaro. Mas, por pensar diferente, fui eleito inimigo e adversário dele”, disse Otoni à Veja, alegando que muitos parlamentares votaram sob pressão.
A derrota de Otoni tem um pano de fundo maior. O deputado começou a perder espaço entre os bolsonaristas ainda em 2024, quando apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PSD) para a prefeitura do Rio de Janeiro, contrariando o apoio de Bolsonaro a Alexandre Ramagem (PL). Em outubro do mesmo ano, Otoni se reuniu com o presidente Lula no Palácio do Planalto e chegou a elogiar o petista, aprofundando ainda mais o racha com o clã Bolsonaro.
Otoni, que já foi vice-líder do governo Bolsonaro, agora se define como um ex-bolsonarista. Ele criticou a postura do ex-presidente, afirmando que Bolsonaro considera um “voto de traição” qualquer apoio a ele. “A ameaça (de Bolsonaro) está clara quando ele fala que, ao votar no Otoni, o deputado dá um voto de traição. E, nesse caso, terá que pedir, em 2026, votos para Lula, e não para ele”, ironizou o parlamentar.
Mesmo afastado do bolsonarismo, Otoni nega que isso o aproxime de Lula e reforça seu apoio ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). Ele também descartou uma candidatura ao Senado em 2026, afirmando que tentará a reeleição como deputado federal.
Otoni foi duramente atacado pelo pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que o rotulou como o “mais novo comunista gospel”.
A disputa também quebrou um padrão histórico na FPE. Pela primeira vez, a escolha do presidente da bancada evangélica não ocorreu por consenso. Otoni classificou sua derrota como uma “sacanagem” e afirmou que houve forte interferência política. “Tenho amor próprio”, declarou.