A Polícia Federal protagonizou um episódio constrangedor durante as investigações sobre a “Abin paralela”, a suposta estrutura de espionagem ilegal operada dentro da Agência Brasileira de Inteligência. Em petição sigilosa enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF relatou ter encontrado no celular de uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) um aplicativo que, segundo a corporação, seria de “grampo” — mas que, na realidade, seria um app de monitoramento parental usado para acompanhar a rotina do filho menor de idade da assessora.
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A confusão veio à tona após a assessora prestar depoimento à PF, na última sexta-feira (4), quando explicou o uso do aplicativo e negou qualquer vínculo com espionagem. O software, segundo ela, servia para monitorar o deslocamento e a segurança do filho — prática comum entre pais e mães nos dias de hoje, mas aparentemente suficiente para despertar o alarme de uma equipe federal em busca de pistas sobre vigilância ilegal.
A descoberta do aplicativo gerou ruído porque foi incluída como elemento da investigação sobre o uso do software israelense FirstMile, uma ferramenta de espionagem digital que teria sido usada pela “Abin paralela” para rastrear ilegalmente celulares de políticos, jornalistas e adversários do governo anterior.
A PF ainda não comentou publicamente a possível confusão, mas o episódio coloca em xeque o rigor técnico de uma investigação delicada e altamente politizada. Tratar um app parental como evidência de grampo é, no mínimo, um erro de categoria — ou um excesso interpretativo que enfraquece a credibilidade da apuração.
O vereador Carlos Bolsonaro, também investigado no caso, foi ouvido pela PF e afirmou não ter relação próxima com o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — tido como figura central na montagem da estrutura paralela.
Carlos negou ter solicitado qualquer informação ilegal obtida por meio da Abin e afirmou que conheceu Ramagem apenas em 2018, quando este assumiu a segurança de Bolsonaro durante a campanha presidencial.