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Publicado em: 19 de novembro de 2024

Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra tem primeiro feriado neste ano – Notícias


19/11/2024 – 23h44
• Atualizado em 19/11/2024 – 16h40

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Reginet Bispo: luta contra o racismo inclui combate às diferenças no mercado de trabalho

Neste dia 20 de novembro de 2024, pela primeira vez, é comemorado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra com um feriado nacional (Lei 14.759/23). Antes, essa era uma política de algumas cidades e estados apenas.

A deputada Reginet Bispo (PT-RS), relatora da nova lei na Câmara, explica que um dado é importante para lembrar a resistência do povo negro no Brasil. “Hoje, todos nós sabemos da importância, por exemplo, dos quilombos. O Zumbi dos Palmares foi um líder quilombola. Os quilombos foram territórios de luta e resistência; diferentemente do que aprender nos cadernos escolares – pelo menos na minha geração – de que eram territórios de fuga. Não era só de fuga da escravidão, mas era um território de organização e articulação, de luta contra a escravidão”.

Para a deputada, existem avanços recentes na luta contra o racismo; mas ainda são necessários vários passos como o combate às diferenças no mercado de trabalho. “Uma mulher negra exercendo a mesma função que um homem branco, com a mesma escolaridade, às vezes com uma escolaridade maior, ela vai receber 40% ou 50% do que esse homem branco ganha. Isso precisa ser superado, porque isso vai refletir na vida, no cotidiano dessa família, dessa comunidade, dessa pessoa.”

A deputada também citou a violência policial contra pretos e pardos e a maior taxa de encarceramento. Na educação, ela acredita que a política de cotas nas universidades já mostrou resultados; mas afirma que é preciso mudar a educação fundamental, que ainda seria muito centrada nos acontecimentos dos países mais ricos.

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Valmir Assunção lembra que projeto que deu origem ao feriado sofreu resistência

Em relação à cota de 30% dos recursos dos fundos partidários e eleitorais para candidaturas de pessoas pretas e pardas, a deputada Reginete Bispo reclamou que a emenda constitucional 133 acabou criando um teto para os repasses. “Junto com isso vieram as fraudes, pessoas brancas se autodeclarando negras. Porque o sistema ainda não tem uma forma de verificar a veracidade da autodeclaração que os candidatos fazem.”

Na Câmara, também está sendo comemorado um ano de criação da bancada negra, inaugurada com 122 parlamentares. A bancada tem espaço no colégio de líderes, fórum que debate a pauta de votações do Plenário da Casa.

Autor do Projeto de Lei 296/15, que deu origem à lei do feriado da Consciência Negra, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) relembra a tramitação da proposta. “O meu projeto de lei tramitou por oito anos, apresentou diversas resistências daqueles que perderam que o povo negro não merecia uma data específica para exaltar nossos heróis e nossas heroínas. Quando aprovamos a proposta em 2023, vi que a luta coletiva foi o fundamento. O 20 de novembro é uma conquista de todo movimento negro”, disse.

Após a Bancada Negra da Câmara Federal assumir o projeto como prioridade dos parlamentares negros, o texto que estava pronto para ser votado na Câmara foi juntado a outro que veio do Senado Federal e aprovado. “Sou de um estado de população negra. Sou parte do segmento social que é a base da pirâmide social, que sustenta este País, pois somos a maioria da força de trabalho. Somos pelo menos 58% da população brasileira que sofre com o racismo, que luta diuturnamente pela implementação de políticas públicas específicas para o combate ao racismo”, completou o parlamentar baiano.

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Benedita da Silva chamou a atenção para as múltiplas vulnerabilidades da população afrodescendente

Violência
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) lembrou ainda o início da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. No Brasil, essa campanha tem início em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, que, pela primeira vez, será feriado nacional. “Nossa campanha de combate à violência contra a mulher começa em 20 de novembro, porque detectar as múltiplas vulnerabilidades da população afrodescendente e ainda relembrar que não há luta contra a violência de gênero sem o enfrentamento do racismo neste País”, ressaltou.

Benedita chamou a atenção para a sub-representação política das mulheres negras e para a desigualdade social histórica dessa população. “Pelo menos 12,5% desse grupo se encontra em situação de insegurança alimentar, moderada e grave; e 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha de pobreza. Esses dados reforçam que, apesar do desenvolvimento de nossa economia, estão abaixo da linha de pobreza. essas mulheres que mais sofrem com a herança histórica da escravidão”, disse.

Reportagem – Silvia Mugnatto
Edição – Geórgia Moraes



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