Preocupado com a queda em sua aprovação e mirando nas eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu nesta sexta-feira (24) ministros de diversas áreas para discutir estratégias contra a inflação dos alimentos, um dos fatores que mais afetando o orçamento das famílias de baixa renda.
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O custo da alimentação começou 2025 em alta, subindo mais de 1% apenas em janeiro, conforme indicado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgado hoje. O avanço segue o impacto de 2024, quando os alimentos registraram alta de quase 8%.
Na reunião, foram debatidas medidas como a desoneração da folha de pagamentos dos trabalhadores do setor de supermercados, alterações nas taxas de vales-alimentação e a portabilidade do benefício. Já a proposta de flexibilizar os prazos de validade dos produtos, que gerou críticas, foi descartada na última quarta-feira (22) pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a valorização do real e a expectativa de uma safra maior devem ajudar a conter os preços. “Vamos ter uma grande safra, e o dólar entrou em trajetória de queda”, disse na noite de ontem (23).
Especialistas alertam para limites nas ações do governo
Apesar das discussões no Planalto, os economistas destacam que o governo enfrenta limitações para controlar a inflação alimentar. Allan Augusto Gallo Antonio, do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, considera que as ações diretas são limitadas por fatores externos, como condições climáticas e custos de insumos dolarizados.
“O governo pretende, por acaso, controlar os fatores climáticos ou reverter a valorização do dólar frente ao real de maneira permanente? Que ‘intervenção milagrosa’ conteria a inflação sem gerar desabastecimento e mercados paralelos?”, questionou em artigo.
Cláudio Shikida, do Instituto Millenium, reforça que intervenções no mercado costumam gerar efeitos adversos. “As medidas discutidas pelo governo podem ter consequências indesejadas para todos. Não existem soluções mágicas”, afirmou.
Relatórios da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) apontam que a recuperação das safras deve desacelerar a inflação dos alimentos para 5,75% neste ano. O economista Matheus Dias, da FGV Ibre, explica que as condições climáticas específicas aumentam a oferta de produtos, o que pode aliviar os preços caso a demanda se mantenha estável.
Por outro lado, Cristina Helena de Mello, da PUC-SP, destaca que o câmbio ainda pesa sobre os custos. “A desvalorização do real eleva o preço dos insumos dolarizados, como fertilizantes, e torna os alimentos brasileiros mais competitivos para exportação, proporcionando a oferta no mercado interno”, analisa.
Itens como carne e café continuam a pressionar os consumidores. O café, por exemplo, teve alta superior a 40% em 2024 devido a quebras de safra no Brasil e no Vietnã, os maiores produtores globais. Já a carne, que registrou queda nos preços em 2023 com o aumento do abate, começou a subir novamente em meados de 2024 devido à menor oferta de gado pronto para engorda.
Pesquisa recente do Instituto Paraná aponta que 65,7% dos brasileiros notaram alta nos preços dos alimentos, enquanto apenas 11,6% perceberam queda. Em recente reunião, Lula reforçou que o tema é prioridade de sua gestão, especialmente diante do impacto nas famílias mais vulneráveis.
“Todo ministro sabe que o alimento é caro. É nossa tarefa garantir que chegue à mesa do povo trabalhador em condições compatíveis com sua evolução”, afirmou o presidente.