A paciência do governo Lula com a base aliada no Congresso está se esgotando, e os sinais de irritação já vieram com CPF, mapa de cargos e recado direto: quem assina por anistia ampla a golpistas não pode continuar brincando de aliado.
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Com um levantamento detalhado em mãos, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, começou a apertar o cerco sobre parlamentares da base que assinaram o requerimento de urgência para o projeto que propõe anistia a todos os atos ligados aos ataques de 8 de janeiro.
Mais da metade das 262 assinaturas que sustentam o requerimento são de parlamentares de partidos com cargos no governo Lula. Em números absolutos, 61% são filiados a legendas da base. A adesão foi tão expressiva — e tão desconectada do discurso oficial do Planalto — que acendeu um alerta vermelho na Esplanada. O governo entendeu que boa parte de sua base vota como oposição, mas quer continuar sendo tratada como aliada.
Mapa na mesa, conversa no pé do ouvido
A estratégia da equipe de Gleisi agora é simples: combinar dados de indicações políticas com as assinaturas no requerimento. Deputado assinou e indicou um aliado para um cargo federal? Então vai precisar explicar o conceito de “governismo” com mais clareza. O Palácio do Planalto quer entender até onde vai o apoio e onde começa a dissimulação.
Auxiliares da ministra afirmam que não se trata de retaliação — claro que não, imagina! —, mas de uma cobrança legítima por coerência. “Não é sobre cortar cabeças agora, é sobre deixar claro quem está dentro e quem está fora”, resumiu um interlocutor direto da SRI.
Gleisi, que já havia planejado uma revisão nas indicações com foco em 2026, decidiu antecipar a ofensiva. E, desta vez, o discurso é que cargos e votos não podem mais caminhar em sentidos opostos sem consequências.
A base que parece oposição (e se comporta como tal)
O maior foco de insatisfação está sobre o União Brasil. O partido, que acaba de indicar o novo ministro das Comunicações, teve 40 de seus 59 deputados entre os signatários do requerimento de urgência — inclusive José Nelto (GO), que é vice-líder do governo. O PSD (23 assinaturas), o MDB (20) e o PP (35) — todos com ministérios — também contribuíram com peso para a articulação da anistia.
A ministra já iniciou conversas com líderes partidários e com parlamentares em particular. A mensagem é uma só: não dá para continuar pedindo emendas, cargos e prestígio institucional enquanto se assina projetos que ‘sabotam’ o governo e tentam reescrever o sentido dos ataques de 8 de janeiro como “mal-entendidos patrióticos”.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), antecipou o protocolo do requerimento justamente para impedir que o governo tivesse tempo de desmobilizar a articulação. Para arquivar o pedido, agora só com nova proposta assinada por metade dos autores mais um — 132 deputados. Um cenário improvável.