O juiz federal argentino Daniel Rafecas emitiu mandados de prisão contra 61 brasileiros condenados no Brasil pelos ataques aos Três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro do ano passado. Até esta sexta-feira (15), dois desses forgidos já foram detidos em território argentino, em ações realizadas pela polícia da província de Buenos Aires.
A decisão de Rafecas foi tomada após o Supremo Tribunal Federal (STF) enviar 63 pedidos de extradição para a Argentina por meio da embaixada brasileira em Buenos Aires. Esses pedidos foram realizados a pedido do ministro Alexandre de Moraes, que supervisiona os processos relacionados aos ataques antidemocráticos de janeiro de 2023.
A primeira prisão ocorreu na quinta-feira (14), na cidade de La Plata, onde Joelton Gusmão de Oliveira, de 47 anos, foi detido. Condenado a 17 anos de prisão no Brasil, Joelton foi identificado por policiais durante uma patrulha, após demonstrar comportamento considerado suspeito. Verificada sua identidade, os agentes confirmaram o mandado de captura, executando a ordem de detenção. Ele foi condenado por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e associação criminosa armada.
A detenção de Joelton, no entanto, gerou polêmica. A filha do detido, Agnes Gusmão, afirmou que seu pai estava na Argentina como solicitante de asilo e que foi à Imigração de La Plata para renovar sua residência provisória. Segundo ela, foi nesse momento que Joelton foi informado sobre o pedido de extradição, contrariando a versão oficial de que ele teria sido capturado durante uma patrulha.
O caso de Joelton reflete a situação de outros brasileiros que, após os atos de 8 de janeiro, buscaram refúgio em solo argentino. Em 2023, pelo menos 181 proteção de refúgio foram registradas pela Comissão Nacional de Refugiados (Conare), ligadas ao governo argentino. No entanto, apenas três novos pedidos foram feitos até o momento em 2024.