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Publicado em: 26 de novembro de 2024

Decisão de Moraes de levar ‘trama do golpe’ à Primeira Turma gera desconforto nos bastidores do STF


Segundo a colunista do jornal O Globo, Malu Gaspara escolha do ministro Alexandre de Moraes de enviar uma denúncia sobre a trama golpista para julgamento pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) gerou desconforto em uma ala da Corte, que defende que o plenário seria o ambiente mais adequado para tratar o caso , dada a gravidade das acusações.

“Essas questões mais relevantes deveriam sempre ir ao plenário”, afirmou, sob reserva, um ministro que não participará do julgamento.

O caso envolve golpes da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras figuras públicas, incluindo denúncias de tentativa de Estado, planejamento de assassinatos de lideranças políticas e organização criminosa.

Moraes, relator do caso, segue o regimento interno do STF, que, desde dezembro de 2022, atribui às Turmas a competência para julgar denúncias e ações penais. Interlocutores próximos ao ministro afirmaram que a escolha visa garantir ceridade e consenso nas decisões, evitando eventuais divergências ou pedidos de vista que possam atrasar o andamento do caso.

A Primeira Turma, apelidada de “câmara de gás” devido ao perfil linha-dura de seus membros, inclui, além de Moraes, os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino — estes dois últimos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo tem histórico de alinhamento a Moraes em casos de alta repercussão, como a suspensão do X (antigo Twitter) e a denúncia contra os acusados ​​de assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Impacto da escolha
Caso a denúncia fosse levada ao plenário, participariam do julgamento os 11 ministros do STF, incluindo nomes considerados mais “garantistas”, como Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e os indicados por Bolsonaro, André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos membros da Segunda Turma.

Essa diferença de perfis alimenta as especulações de que Moraes optou pela Primeira Turma para garantir um placar unânime e pleno respaldo às suas decisões, como ocorreu em setembro, quando a suspensão do X foi confirmada por unanimidade na mesma Turma.

Mudança regimental e crítica
A decisão de Moraes é respaldada pela alteração regimental aprovada no final de 2022, que buscou descongestionar o plenário e priorizar julgamentos presenciais nas Turmas, atendendo a pedidos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No entanto, os críticos nos bastidores argumentam que casos de grande relevância política e institucional deveriam ser analisados ​​pelo colegiado completo.

Apesar das divergências internas, os aliados de Moraes apontam que o rito adotado é legítimo e consistente com as normas atuais do tribunal. O julgamento pela Primeira Turma deve aumentar a tensão entre os investigados, que veem na escolha do relator um movimento estratégico para acelerar as condenações.



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