Nesta terça-feira (17), o dólar chegou ao patamar de R$ 6,16 às 9h11, marcando um novo recorde nominal diante do real, enquanto as preocupações fiscais e monetárias seguem alimentando a desvalorização da moeda brasileira. A disparada reflete o impacto das incertezas em torno do pacote fiscal anunciado pelo governo e do cenário global adverso, que levaram investidores a buscar proteção no dólar.
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A moeda norte-americana abriu o dia em alta, superando os R$ 6,10, e subindo continuamente ao longo da manhã. O Banco Central realizou quatro intervenções no mercado de câmbio desde a semana passada, incluindo leilões extraordinários que injetaram US$ 4,6 bilhões na última segunda-feira (16). Mesmo assim, a moeda encerrou o preço anterior cotada a R$ 6,09, registrando a maior alta nominal da história.
Segundo especialistas, as ações do BC têm efeito limitado diante da combinação de problemas estruturais internos, como a falta de confiança nas políticas fiscais e monetárias, e do contexto global de aversão ao risco. “As intervenções ajudam a conter a volatilidade no curto prazo, mas não resolvem a raiz do problema”, explica Rodrigo Miotto, da Nippur Finance.
O pacote fiscal proposto pelo governo federal gerou desconfiança entre investidores. A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e os cortes anunciados foram vistos como insuficientes para garantir um ajuste fiscal robusto. Essa percepção de risco aumentou conforme as expectativas de inflação, que agora se encontram desancoradas.
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, reforça que o agravamento do cenário inflacionário representa uma postura mais rígida, incluindo o aumento da taxa Selic para 12,25% ao ano. O Copom também sinalizou que novos reajustes poderão ocorrer nas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025, caso o cenário fiscal não melhore.
No mercado internacional, a expectativa pela decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros dos Estados Unidos, prevista para esta quarta-feira (18), aumentou a demanda por ativos seguros como o dólar. O real foi a moeda que mais se desvalorizou entre os mercados emergentes, refletindo uma combinação de fatores internos e externos.
A Bolsa de Valores também sentiu os efeitos da instabilidade, encerrando o pregão anterior em queda de 0,84%, para 123.560 pontos.
Caso o cenário atual persista, a taxa Selic poderá atingir 14,25% ao ano em 2025, segundo projeções do Copom. Esse patamar foi registrado pela última vez durante a crise econômica de 2015-2016, no governo Dilma Rousseff.
Apesar das medidas emergenciais, os analistas alertam que a solução para a disparada do dólar passa pela adoção de um plano fiscal consistente e pela recuperação da confiança do mercado na condução econômica do país. Como destaca Hayson Silva, da Nova Futura Investimentos, “as incertezas fiscais e monetárias, agravadas pela ausência de políticas robustas, continuam alimentando a pressão cambial e desvalorizando o real”.