Em um movimento que expõe fissuras dentro da base governista no Congresso Nacional, ao menos 116 deputados de partidos aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinaram um requerimento de urgência para votar o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A iniciativa é liderada pelo Partido Liberal (PL), principal legenda da oposição, que abandonou a estratégia de obstrução e agora pressiona para que o projeto vá diretamente ao Plenário da Câmara dos Deputados.

O requerimento já conta com mais de 200 assinaturas e, caso alcance 257 — número equivalente à maioria absoluta da Câmara — a proposta poderá ser votada sem precisar passar pelas comissões permanentes da Casa.

O levantamento feito pelo Metrópoles revela que uma parcela significativa dos apoios vem justamente de partidos que integram a base do governo Lula e que, inclusive, ocupam ministérios na atual gestão. O Progressistas (PP) lidera a lista com 30 assinaturas, seguido por União Brasil (29), Republicanos (23), PSD (17) e MDB (17). Todas essas siglas têm representantes no governo, mas também abrigam alas bolsonaristas que se mostram alinhadas à proposta de anistia.

Veja os números de assinaturas por partido da base:

• PP (Progressistas): 30 assinaturas

• União Brasil: 29 assinaturas

• Republicanos: 23 assinaturas

• PSD (Partido Social Democrático): 17 assinaturas

• MDB (Movimento Democrático Brasileiro): 17 assinaturas

Além desses, também assinaram o requerimento deputados de legendas como PL, Podemos, Novo, PSDB, PRD, Avante e Cidadania.

A adesão de parlamentares governistas à proposta da oposição aumenta a pressão sobre o Palácio do Planalto, que busca evitar o avanço de um projeto considerado sensível e de forte repercussão pública.

O apoio de partidos que ocupam cargos no governo, mas mantêm núcleos bolsonaristas em suas bancadas, evidencia a fragilidade da articulação política do Planalto e levanta dúvidas sobre o grau de fidelidade da base em temas estratégicos.

Desde o fim de março, o PL vinha pressionando o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para pautar a urgência da matéria. Com a mudança de estratégia e a adesão de deputados governistas, a oposição ganha fôlego para tentar acelerar a tramitação do projeto e colocar em votação a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

A movimentação escancara não só a força de articulação da direita no Congresso, como também a dificuldade do governo Lula em manter coesão em sua própria base aliada.