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Publicado em: 16 de abril de 2025

Governo Lula admite risco iminente de colapso fiscal em 2027, mas adia debate sobre precatórios

Governo Lula admite risco iminente de colapso fiscal em 2027, mas adia debate sobre precatórios


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a acender o sinal de alerta sobre o risco iminente de colapso fiscal a partir de 2027, mas, contraditoriamente, deixou os precatórios fora da revisão de gastos prevista no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado na terça-feira (15) ao Congresso Nacional. A decisão adia, mais uma vez, a discussão sobre o maior passivo financeiro judicial do Estado brasileiro — e enfraquece a credibilidade da promessa de ajuste.

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Apesar dos sinais de deterioração nas contas públicas, o governo optou por preservar uma espécie de zona de conforto política, deixando intacto o tratamento especial aos precatórios, cujos valores devem crescer de R$ 115,7 bilhões em 2026 para mais de R$ 144 bilhões em 2029.

Segundo estimativas da equipe econômica, as despesas obrigatórias — como salários, aposentadorias, benefícios sociais e transferências constitucionais — vão saltar de R$ 2,39 trilhões em 2026 para R$ 2,84 trilhões em 2029. O avanço corrosivo dessas despesas já compromete o funcionamento básico do Estado. O próprio secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, foi direto:

“A partir de 2027, há um comprometimento que precisa ser endereçado. E, neste momento, com as projeções apresentadas, não foi endereçado.”

Ou seja: o governo sabe do buraco, mas ainda não decidiu como (ou se) vai enfrentá-lo.

A consequência prática é grave: o orçamento para despesas discricionárias, que sustenta investimentos, manutenção da máquina pública e parte dos gastos em saúde e educação, despenca para apenas R$ 8,9 bilhões em 2029. Isso representa um colapso funcional, já que a própria regra do novo arcabouço fiscal determina um piso mínimo de R$ 170 bilhões para esse tipo de gasto, com base na média histórica.

Enquanto os técnicos admitem o rombo, a questão dos precatórios segue sendo empurrada para o governo seguinte. Em 2027, essas dívidas judiciais voltam a contar integralmente no cálculo do teto de gastos, encerrando o “alívio temporário” concedido anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal.

A justificativa oficial é que o debate ainda será amadurecido, talvez, só depois das eleições de 2026 — ou seja, a estratégia é clara: não falar disso agora para não pagar o preço político.

A secretária-adjunta do Tesouro Nacional, Viviane Veiga, chegou a dizer que os precatórios não estão sob medidas de revisão de gastos porque envolvem um processo mais amplo:

“Embora o volume seja grande, não tem uma trajetória explosiva.”

O problema é que R$ 144 bilhões em dívidas judiciais fora do radar de controle é, sim, explosivo — e corrosivo. A insistência em tratá-los como “não prioridade” fragiliza qualquer discurso de responsabilidade fiscal.

O governo menciona iniciativas tímidas como revisão de cadastros no BPC, na Previdência e no Proagro, mas os resultados também minguaram. A economia prevista caiu de R$ 28,6 bilhões em 2023 para R$ 16,4 bilhões agora. Em termos proporcionais, isso é quase irrelevante diante do ritmo de crescimento das despesas obrigatórias.

Sem enfrentar os grandes passivos — como precatórios, folha de pagamentos e judicialização crescente de benefícios — o que sobra é ficar refém do ajuste simbólico, enquanto o espaço real para investir e manter o Estado funcionando derrete sob o peso da omissão.

A falta de decisões duras hoje cobra juros mais altos amanhã — não apenas no mercado, mas no cotidiano da população que depende de serviços públicos funcionando.

Enquanto os precatórios continuam crescendo, e os gastos obrigatórios consomem quase a totalidade do Orçamento, o Estado se aproxima perigosamente de um cenário de paralisia institucional forçada por falta de espaço fiscal.

Se o risco de colapso está no radar, a negação em agir com seriedade sobre os precatórios transforma a ameaça em destino provável. E dessa vez, ninguém poderá dizer que foi pego de surpresa.



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