A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados pode votar nesta terça-feira (26) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 164/2012, que proíbe o aborto legal no Brasil. A interrupção da gravidez é permitida no país em casos de risco de morte da gestante, de gravidez por estupro e de anencefalia fetal, ou seja, de má formação do cérebro do feto.
A presidente da CCJ, deputada Caroline de Toni (PL-SC), defendeu uma proposta e havia informado que, assim que o prazo de vista para análise dos deputados terminasse, o tema seria novamente incluído para votação na CCJ.
A votação da PEC foi adiada na segunda semana de novembro por pedido de vista e voltou para pauta da Comissão nesta terça, a partir das 14h30, e na quarta-feira (27), a partir das 10h. Se o texto for aprovado na CCJ, será criada uma comissão especial para analisar o tema. Se aprovar em comissão especial, a PEC segue para o plenário da Câmara.
O caráter polêmico da proposta tem acirrado os debates. Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
De autoria dos ex-deputados federais Eduardo Cunha (RJ) e João Campos (GO), PEC busca modificar o artigo 5ª da Constituição Federal, acrescentando que a vida é inviolável “desde a concepção”. No entendimento dos parlamentares, essa mudança proíbe as possibilidades de aborto legal permitidas atualmente pela legislação brasileira.
A matéria sofreu críticas de parte dos deputados que entendem que nos casos de estupro, de feto anencéfalo e de risco de morte da gestante devem ser garantidos o direito à interrupção da gravidez.
A deputada Sâmia Bonfim, ao discutir o tema na última sessão da CCJ que debateu a PEC 164, argumentou que a proposta obriga as mulheres a terem filhos de seus estupradores.
“A PEC faz o direito daquelas que não querem ser mães de filhos de estupradores, mas também nega o direito daquelas que querem, planejam, sonham ser mães. Por exemplo, clínicas de fertilização in vitro, de reprodução assistida, precisarão ser fechadas com esse PEC. Afinal de contas, não se poderá fazer nenhum tipo de manipulação de embriões”, justificou.
Ao responder aos questionamentos, a relatora da PEC, o deputado Chris Tonietto (PL/RJ), defendeu a gestação nos casos de estupro. “A sua mãe sofreu uma violência (estrupo). Esse bebê pode ser morto por causa de um crime que ele não cometeu? Isso é justo? Esse é um ponto que eu questionei”, afirmou.
Marcelo Brandão
Agência Brasil