12/03/2024 – 17:03
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Políticas venezuelanas foram ouvidas por videoconferência pela Comissão de Relações Exteriores
Os líderes da oposição na Venezuela María Corina Machado e Edmundo González Urrutia pediram nesta terça-feira (3) apoio do governo brasileiro para romper o cerco policial feito por agentes da Venezuela na Embaixada da Argentina em Caracas. O local abriga seis asilados políticos.
O pedido foi feito durante reunião na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
A Embaixada da Argentina está aos cuidados do governo brasileiro desde agosto, após a equipe diplomática da representação ter sido expulsa pelo governo de Nicolás Maduro.
Machado, que foi candidato da oposição para enfrentar o presidente venezuelano, pediu que a encarregada da embaixada do Brasil em Caracas se manifestasse contra o cerco “demonstrando a preocupação e o exercício dos direitos que tem o Brasil neste tema, além de todos os convênios internacionais ”.
Segundo ela, a perseguição do regime está mudando a sede da embaixada argentina em “um centro de tortura psicológica e até uma verdadeira prisão”. Ela informou ainda que o fornecimento de luz foi cortado há dez dias.
Na visão do candidato à oposição Edmundo González Urrutia, a ausência de diplomatas brasileiros na sede da embaixada da Argentina ocorre por pressão do presidente venezuelano. Ele cobrou a maior comunicação entre as chancelarias do Brasil e da Argentina para conter a repressão contra os asilados.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Orleans e Bragança: “As nossas instituições falham em não responder a essa demanda”
“É importante exigir que o governo de Maduro permita a presença de funcionários diplomatas brasileiros na sede da embaixada, porque ela hoje representa os interesses da Argentina”, disse.
O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), que solicitou o debate, também cobrou maior atuação diplomática do Brasil. “Perdemos uma oportunidade muito grande de acolher uma demanda social, uma demanda política que vem de um país vizinho. As nossas instituições falham em não responder a essa demanda, nos apequenamos diante desse desafio institucional”, disse.
Liberdade de opinião
Gonzalez aprovou para criticar a recente aprovação, pela Venezuela, da Lei Libertador Simón Bolívar, que criminaliza a apoio às avaliações internacionais contra aquele país, além de suspender os direitos políticos dos opositores.
“A lei não somente silencia os opositores dentro do país, mas também aqueles que denunciam as irregularidades fora da Venezuela. Qualquer ação que seja vista como denúncia ou busca por aplicação da justiça internacional pode resultar na aplicação dessas medidas repressivas”, disse.
Ele observou que, enquanto o abuso sexual de crianças tem pena entre 6 e 14 anos de prisão, uma crítica ao governo Maduro nas redes sociais pode resultar em penas de 25 a 30 anos.
Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Geórgia Moraes