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Publicado em: 26 de dezembro de 2024

Decreto de Lula tem foco excessivo na polícia e ignora combate ao crime organizado


O decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estabelece novas diretrizes para o uso da força policial, é alvo de críticas por centrar suas ações no controle da atuação das forças de segurança, enquanto pouco ou nada menciona medidas específicas para o enfrentamento à criminalidade. A decisão gerou reações de governadores e especialistas em segurança pública, que apontam uma postura do governo federal de desconfiança em relação à polícia, em contraste com a ausência de propostas eficazes para combater o crime organizado.

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O texto do decreto coloca como condição para o repasse de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública que os estados cumpram normas específicas à redução do uso da força pelas polícias, como o uso de armas de fogo como “último recurso”. No entanto, os críticos destacam que ele ignora o contexto em que os policiais brasileiros operam: enfrentando gangues armadas com fuzis, narcotraficantes organizados e altos índices de violência urbana.

Governadores, como Ronaldo Caiado (GO), já apontaram que o foco excessivo em controlar a polícia desconsidera a realidade brasileira. “Não estamos na Suécia. Estamos lidando com criminosos violentos, que fazem guerra contra o Estado Democrático de Direito”, disse Caiado recentemente. Para ele, o governo Lula parece mais preocupado em regular a polícia do que em oferecer soluções concretas para reduzir o poder do crime organizado.

Embora trate de regras para o uso da força policial, o decreto não apresenta propostas para combater o crime. Questões como o fortalecimento das investigações, a repressão ao tráfico de drogas e armas ou estratégias para desmantelar organizações criminosas não foram contempladas no documento.

Esse desequilíbrio foi alvo de críticas tanto de parlamentares quanto de especialistas. O cientista político Sérgio Praça resumiu o sentimento de parte da sociedade: “O governo parece mais preocupado em policiar a polícia do que em enfrentar os bandidos que aterrorizam a população.”

Governos estaduais comandados pelo PT também são lembrados nas críticas. A Bahia, governada pela sigla há 20 anos, liderou rankings de violência no país e registrou casos frequentes de abusos policiais, além de números crescentes de homicídios. Para os analistas, isso é exemplífico que o partido não conseguiu apresentar resultados consistentes em segurança pública, mesmo quando tem controle direto sobre as forças policiais.

O condicionamento de verbas federais ao cumprimento do decreto é outro ponto sensível. Para críticos, isso representa uma tentativa de centralizar o controle da segurança pública, tradicionalmente responsabilidade dos estados. Além disso, a criação de um comitê de monitoramento desperta recebimentos de aparelhamento político, sendo descrito como um possível “mecanismo de pressão ideológica”.

Governadores como Cláudio Castro (RJ) e Ibaneis Rocha (DF) já demonstraram preocupação com o uso dessas normas como ferramenta para enfraquecer gestões estaduais e importar uma agenda mais alinhada ao governo federal.

Por fim, o decreto de Lula foi criticado por ignorar as vítimas da criminalidade no Brasil. Ao não apresentar medidas efetivas para cidadãos de roubos, homicídios e ações de facções criminosas, o governo deixa a impressão de que a prioridade está em restringir a ação policial, enquanto os verdadeiros responsáveis ​​pela insegurança recebem pouca ou nenhuma atenção.

O decreto de Lula reflete uma visão que parece mais desconfiada das forças policiais que se preocupavam em enfrentar o crime organizado. Embora o combate aos abusos seja importante, ele deve ser acompanhado por políticas igualmente rigorosas contra o poder crescente das facções criminosas e pela proteção das vítimas da violência.

Sem ações claras contra o crime, o decreto corre o risco de ser percebido como um gesto político vazio, que ignora as necessidades de segurança da população e prejudica a moral dos policiais que arriscam suas vidas diariamente.



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