Após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da primeira-dama Janja da Silva de uma visita oficial à China, o governo chinês suspendeu temporariamente as importações de carne de frango do Brasil, segundo confirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na quinta-feira (15). A medida foi tomada após a confirmação de um caso de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.

De acordo com Fávaro, a suspensão foi adotada para todo o território nacional, conforme prevê o protocolo internacional sanitário estabelecido entre os países. “Para a China e a comunidade europeia, restringe-se [as compras de carne de frango] para todo o Brasil temporariamente”, afirmou o ministro. O embargo tem duração inicial de 60 dias.

A China é o maior comprador mundial de carne de frango brasileira, e a decisão representa um duro golpe para o setor avícola nacional, especialmente para o Rio Grande do Sul, terceiro maior estado exportador do produto. O mesmo embargo foi adotado pela União Europeia, sétima colocada entre os principais mercados da proteína brasileira.

A suspensão ocorre logo após a visita diplomática de Lula e Janja a Pequim, onde o presidente buscou aprofundar relações bilaterais e atrair investimentos. A viagem, no entanto, termina com um revés comercial: o fechamento de um dos principais canais de exportação do agronegócio nacional.

A repercussão do embargo pode gerar tensões políticas internas, principalmente porque o governo apostava no fortalecimento da parceria com os chineses como uma vitrine internacional.

Enquanto China e União Europeia adotaram bloqueio nacional, outros países optaram por restrições regionais. Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Argentina e Reino Unido, por exemplo, limitaram o embargo apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou ao município de origem do foco.

Segundo o ministro, o mercado interno deve ser impactado positivamente, com maior oferta e possível redução nos preços:

“Com a diminuição das exportações, teremos uma oferta com excesso por um pequeno período. […] Com certeza, em termos de carne de frango, teremos uma oferta mais abundante no Brasil, que pode pressionar os preços um pouco para baixo.”

A granja afetada, que produzia matrizes de ovos para recria, registrou mortes súbitas de aves, o que levou à detecção do vírus. O Ministério da Agricultura confirmou que todas as aves foram abatidas, e o local passou por desinfecção imediata e isolamento sanitário.

Fávaro afirmou que o Brasil era o último grande exportador mundial de frango a registrar gripe aviária em produção comercial e ressaltou a agilidade na resposta sanitária. “Conseguimos segurar dois anos sem que o vírus atingisse granjas comerciais”, disse.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou nota defendendo que o Brasil atue com transparência e rapidez para retomar a confiança dos parceiros internacionais. Segundo a entidade, a reputação do país no mercado global depende de medidas sanitárias eficazes e de comunicação diplomática clara com os países importadores.