16/10/2024 – 20h11
• Atualizado em 16/10/2024 – 21h13
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Adriana Ventura, relatora da proposta
A Câmara dos Deputados aprovou quarta-feira (16) este projeto de lei que regulamenta a produção de clones de animais principalmente destinados à pecuária. A matéria será enviada à sanção presidencial.
De autoria do Senado, o Projeto de Lei 5010/13 classifica esses animais como “domésticos de interesse zootécnico”, incluindo bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, equinos, asininos, muares, suínos, coelhos e aves.
Os clones gerados deverão ser controlados e identificados durante todo o seu ciclo de vida por meio de um banco de dados a ser controlado pelo poder público, que contará ainda com informações genéticas para controlar e garantir a identidade e a propriedade do material genético animal e dos clones .
Informações sobre produção, circulação, manutenção e destinação do material genético e dos clones usados para produzir outros clones de interesse zootécnico serão centralizadas e disponíveis em banco de dados de acesso público.
Um regulamento identificará quais animais serão mantidos em ciclo de produção fechado, caracterizado como um regime de contenção ou de confinamento a fim de impedir sua liberação no meio ambiente.
A circulação e a manutenção de material genético ou de clones no Brasil deverão ocorrer com documentação de controle e envio pelo poder público federal. Um registro genealógico também será realizado com orientação do órgão federal competente.
Já a supervisão e a emissão de certificados sanitários e de propriedade serão de competência dos serviços veterinários oficiais. Esses órgãos também deverão solicitar autorização de fornecimento de material genético e de clones para a produção de outros clones.
Animais silvestres
Embora as definições trazidas pelo projeto para material genético animal e fornecedor se refiram exclusivamente à produção de animais domésticos de interesse zootécnico, o texto exige autorização prévia do órgão ambiental federal para a produção comercial de clones de animais silvestres nativos do Brasil.
Por outro lado, a liberação no meio ambiente, tanto de animais silvestres nativos do Brasil quanto de clones de animais domésticos de interesse zootécnico, dependerá de autorização também do Ibama se esses animais possuídos forem parentes silvestres ou ancestrais diretos com ocorrência nos biomas brasileiros.
Quanto às atividades de pesquisa científica relacionadas à clonagem de animais não domésticos, exóticos ou de companhia formada por instituições de pesquisa públicas ou privadas devem seguir as regras legais vigentes e o regulamento derivado do projeto se virar lei.
Esses animais devem ser interrompidos no ciclo de produção fechado e sob controle e monitoramento oficial durante todo o seu ciclo de vida.
As atividades de pesquisa são definidas como aquelas relacionadas com ciência básica, ciência aplicada, desenvolvimento tecnológico, produção e controle da qualidade de drogas, medicamentos, alimentos, imunobiológicos, instrumentos ou quaisquer outros produtos testados em animais.
Nas negociações em plenário, a relatora, deputada Adriana Ventura, não corrigiu alterações no texto proposto pelo PT e PSB para deixar claro que não poderá haver maus tratos de animais e para impedir o uso da clonagem em animais silvestres.
Riscos
O deputado Helder Salomão (PT-ES) mencionou problemas e riscos com a aprovação da proposta. “Por que não estabelece quem são os profissionais técnicos responsáveis por esta atividade tão importante? Segundo, por que não deixar evidente que não pode haver maus tratos com os animais? O terceiro é difícil compreender: clonagem de animais silvestres, com que objetivo? Preservação? O que garante a preservação é a gente cuidar da natureza, da biodiversidade, dos animais silvestres.”
O deputado Duarte Jr (PSB-MA) também criticou o projeto por não deixar clara a exclusão de maus tratos contra animais.
O PSB e o PT receberam emenda prevendo isso, mas a alteração não foi acatada pela relatora da proposta no Plenário, deputada Adriana Ventura (Novo-SP). Segundo ela, a Lei da Biossegurança já tem essa exclusão.
Ventura ponderou que a proposta traz segurança para quem comercializa animais para pesquisa. “A gente não está falando de todos os animais, a gente não está falando de cão e gato, a gente está falando de alguns animais que são importantes para a pesquisa, que são importantes para que a gente possa produzir, comercializar e principalmente para manter muitas espécies que apresentam risco de extinção. O projeto avança no sentido de dar essa segurança, de ter esse banco de dados, de certificar pessoas que comercializam animais.”
Reportagem – Eduardo Piovesan e Antonio Vital
Edição – Geórgia Moraes