Lideranças da Padre Hildon Bandeira, Cafofo Liberdade e Brasília de Palha tiveram acesso, na noite desta segunda-feira (7), ao diagnóstico das áreas de risco das comunidades do Complexo Beira Rio. O encontro foi no Escritório Local de Gestão, localizado no bairro dos Expedicionários (Elo 1) e a análise foi apresentada pelos coordenadores da Unidade Executora do Programa João Pessoa Sustentável (UEP) e acompanhada pelas equipes de infraestrutura e desenvolvimento comunitário dos consórcios contratados pela Prefeitura de João Pessoa.

O mapeamento trouxe uma visão ampla da situação de todas as comunidades, com previsão das manchas de inundação, altura das lâminas d’água e velocidades de escoamento para os próximos 50 e 100 anos, bem como a definição das áreas a serem removidas de acordo com o maior risco de inundação ou processos erosivos. Identificou também pontos de deslizamento em algumas áreas, problemas de infraestrutura e ocupação em vias públicas ou das áreas necessárias à circulação. Especificamente, “na Cafofo, Padre Hildon e Brasília de Palha não foi identificado no estudo técnico, pelo consórcio, áreas de risco de deslizamento”, informou Caio Mário, coordenador urbanístico da UEP.

Na Padre Hildon Bandeira, o estudo apontou a necessidade de remoção de até 175 telhados, podendo, em cada um deles, ter uma ou mais residências. Motivo: inundação. Parte dos imóveis está, inclusive, em área de proteção ambiental. Outra situação: há casas construídas sobre a tubulação de esgoto/drenagrem, o que representa risco às famílias.

“Na verdade já existiam dois estudos anteriores sobre as manchas de inundação. Um era do Idom e o outro era da própria Defesa Civil. Mesmo com esses estudos, o Consórcio entende a importância de se fazer um estudo in loco, ou seja, tendo como base a realidade atual para validar essas duas fontes de informação que são muito importantes. Usamos uma metodologia que a gente tem como atestar a eficiência e a verdade é que a grande maioria das comunidades está em área de inundação. Então, é algo que realmente a gente precisa ter um cuidado para que essas famílias não venham a sofrer com alagamentos que podem ocorrer a qualquer momento”, disse Isis Méro, do consórcio de infraestrutura responsável pelo mapeamento.

Já nas comunidades Cafofo Liberdade, de acordo com o mapeamento, há 11 ocupações em área de circulação que precisam ser removidas para abertura de uma rua, o que vai possibilitar o acesso de ambulâncias, carro de coleta de lixo, por exemplo. Na Brasília de Palha, três casas estão nessa situação. Ainda segundo Caio Mário, o resultado do diagnóstico vai ser usado como base para o cadastro das famílias em áreas de risco, e todas as informações levantadas vão ser discutidas com os moradores para identificar e validar o diagnóstico.

Joelma Medeiros, coordenadora social da UEP, afirmou que o objetivo de todo esse trabalho é “prevenir o risco e dar uma solução habitacional para as famílias que precisarão ser realocadas. Então essa conversa de olho no olho, de sentir o que as pessoas pretendem, de conhecer a angústia de cada um, o perfil de cada um, é o cadastro que vai nos dar. Vamos ouvir as pessoas e a escuta nesse momento é para gente poder orientar e trazer menos impacto e mais satisfação, essa é a proposta”, frisou.

Natália dos Santos, representante da comunidade Brasília de Palha, acredita no Programa que acompanha desde o início. “A gente está aqui pra somar, pra mostrar pra comunidade a realidade futura e também trabalhar, um projeto formiguinha, pra poder conscientizar sobre essa proposta”, disse.

“O diálogo está sendo muito bem feito, mas pelo que eu vejo aqui vai mexer com mais de 50% da comunidade. Vai ser preciso muito mais diálogo com cada um, mostrando a realidade, dizendo também que eles só vão ser retirados de suas casas quando o apartamento tiver pronto. Isso vai fortalecer muito, mas vai ter muita resistência”, afirmou Luiz Araújo, um dos moradores mais da Padre Hildon.

Para Lielson Venâncio, presidente da Associação da Comunidade Padre Hildon Bandeira, “é importante saber o que vai acontecer para passar para comunidade”. Ele não esconde a preocupação com os que moram na comunidade há muito tempo, mas acredita nos benefícios do Programa João Pessoa Sustentável. “É muito importante essa obra”, finalizou.

Reassentamento – O Programa João Pessoa Sustentável prevê 5 modalidades de reassentamento para as famílias em área de risco que vão precisar ser removidas para morar em imóveis que estejam de acordo com a dignidade humana. A principal delas é a transferência para 3 habitacionais que vão ser construídos na Avenida Beira Rio, bem próximo às comunidades mas em área segura e com o compromisso de que ninguém perca o vínculo com o território. Outras modalidades: compra assistida, troca de beneficiário, indenização e reassentamento rotativo (para quem não está em área de risco, mas vive em uma casa sem qualquer condição de ser habitada).

Outros benefícios – Todos os moradores que permanecerão nas comunidades porque não estão em áreas de risco vão receber a escritura dos imóveis. O Complexo Beira Rio também vai receber toda urbanização necessária: esgotamento sanitário, água encanada, pavimentação, contenção de encostas, iluminação pública e Parque Linear.

Parque Linear – Com uma área de 2,5 quilômetros de extensão, o Parque Linear terá a função de proteger as margens do rio Jaguaribe no entorno das comunidades para evitar novos alagamentos e novas ocupações irregulares que ponham em risco a segurança e a vida dos moradores.

Calendário de reuniões – O cronograma de atividades segue na terça-feira (7), no Elo 3, que atende à São Rafael e fica dentro da própria comunidade. O encontro será às 19h. Na quinta-feira (9), no mesmo horário, será a vez do Elo 4, localizado na comunidade Santa Clara e que atende exclusivamente aos moradores da área. Já na sexta-feira (10), a reunião será com as lideranças das comunidades Miramar, Tambauzinho e Tito Silva, no Elo 2, em Miramar, às 15h.

  • Texto: Rejane Negreiros
    Edição: Andrea Alves
    Fotografia: Assessoria