A PESTE NA PARAÍBA: Escrito por Gilvan de Brito

A peste já visitou a Paraíba em duas oportunidade, e matou cerca de 40 mil pessoas entre os anos de 1855-61, da forma como conto no meu livro: ”Dança com os Mortos”, com 80 páginas, ainda inédito, à espera de um editor ou de um mecenas. A história das epidemias de cólera morbus e da febre amarela é trágica e narra o quadro de degradação das pessoas atingidas.

Com o corpo esquelético a aparência da vítima se mostrava atemorizante: pele ressequida com erupções azuladas, olhos fundos, unhas roxas, rosto pálido, lábios escurecidos, corpo contraído e cãibras nas pernas. Quem presenciasse esse quadro ficava amedrontado pela imagem do doente incurável e logo tinha reações inconcebíveis de afastar-se, de fugir ou de sair correndo pelas ruas quando se tratava de pessoas íntimas, pais, filhos, parentes ou amigos.

O cólera atingia o auge a 22 de março de 1856, quando faleceram naquele dia 59 pessoas, isso numa população da Capital (então chamada de Parahyba) pouco superior a seis mil habitantes, o que representava quase um por cento da população a cada 24 horas. Houve um caso descrito pelo presidente da Província em que os pais e todos os adultos da casa foram fatalmente contaminados, restando apenas duas crianças de pouca idade. Guardando as devidas proporções territoriais e populacional, a Paraíba foi o Estado mais atingido do Brasil.

Este livro é o único registro oficial da tragédia, que me tomou vários meses de pesquisa nos jornais da época na Paraíba e no Rio de Janeiro, para elaborá-lo. É mais um dos 134 livros que escrevi, dos quais publiquei 32 enquanto 102 continuam inéditos, a maioria falando de coisas da Paraíba. Infelizmente aqui não se publica com o apoio oficial, mesmos os livros de interesse público e histórico.

É uma lástima essa Paraíba. Recentemente fui vítima do “Conto do livro”, quando o governador mandou selecionar alguns livros dos autores paraibanos, há mais de um ano, dos quais constou “Não me chamem Vandré”, da minha autoria, quando se fez até o empenho para pagamento, depois acintosamente rasgado. A maioria dos meus livros publicados deriva, pois, de prêmios literários conquistados, em João Pessoa, Brasília e Rio de Janeiro.

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