O programa Iniciativa Code, lançado em março deste ano pela Prefeitura de João Pessoa, vem mudando a realidade digital de milhares de alunos da Rede Municipal de Ensino. Através de aulas de programação, crianças e adolescentes do 6º ao 9º ano estão tendo a oportunidade de desenvolver ambientes digitais, como sites e aplicativos, entre inúmeras possibilidades. O programa atualmente está presente em 61 unidades escolares, com mais de 6.500 alunos que estão tendo contato direto com o mundo da programação.

As atividades começaram há pouco mais de um mês, com os estudantes recebendo as aulas de programação no contraturno escolar. A qualificação é comandada por 138 tutores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), todos acompanhados por professores mestres e doutores da área de programação. Além deles, 570 são alunos e também receberam qualificação para atuarem como monitores.

Os alunos monitores recebem uma bolsa mensal de R$ 300, enquanto os tutores ganham R$ 700 para transmitir o conteúdo sobre programação aos estudantes. A Iniciativa Code é realizada através das Secretarias de Educação e Cultura (Sedec) e Ciência e Tecnologia (Secitec), em parceria com a Fundação Tecnológica da Paraíba (Funatec-PB).

De acordo com o diretor de Formação, Programação e Robótica da Sedec, Elisson Dutra, a didática de ensino é de forma lúdica, com códigos de programação mais fáceis de manusear, já que muitos alunos não tinham nenhum conhecimento na área. “Esses alunos não sabiam nada de programação e muitos deles não sabiam sequer como acessar sua conta de e-mail. A parte de inclusão digital está sendo feita. Eles passaram a ter esse conhecimento, que nós chamamos de pensamento computacional, que é bem amplo, aprendendo a programar de uma forma lúdica”, destacou.

Futuro na programação – As aulas de programação têm despertado um grande entusiasmo nos estudantes. Este é o caso de Rebeca Luana, aluna do 8º ano na Escola Municipal Leonel Brizola, localizada no bairro Tambauzinho. A animação é tanta que ela pretende seguir carreira na área. “Estou muito satisfeita com as aulas, tanto que quando eu crescer pretendo me formar na área de Tecnologia da Informação para poder trabalhar com isso. Estou aprendendo muito com as atividades da Iniciativa Code, além de poder ajudar a repassar o conhecimento para outros alunos”, contou a estudante, que também atua como monitora na sua escola.

Situação semelhante vive Alisson Martins, que estuda na Escola Municipal João XXIII, no Alto do Mateus. Atualmente colaborando como monitor de turma, ele recebeu um treinamento prévio e tem se apaixonado pelo universo da programação, tanto que já planeja seu futuro nesta atividade profissional. “Tem sido uma experiência incrível, já que nunca tinha tido contato com isso. Então, tem sido algo muito bom. Meu contato com a programação era praticamente zero e hoje tenho aprendido algo que pretendo levar para o meu futuro. Estou muito feliz”, contou.

Inclusão – A Iniciativa Code também é um programa inclusivo. Na Escola Municipal João XXIII, a equipe conta com um aluno autista. Aos 22 anos, João Marcos cursa o 7º ano e contou da alegria de participar do projeto. Ele, inclusive, já ajudou a desenvolver um aplicativo para dispositivos móveis. “Eu estou achando tudo maravilhoso. Já consegui até fazer um aplicativo chamado ‘Sorteio’. Estou aprendendo muito com as aulas”, revelou João.

O sentimento é de dever cumprido entre os tutores da Iniciativa Code, como é caso de Pedro Guimarães. Estudante do 4º período do curso de Ciência da Computação pela UFPB, ele destacou a alegria de poder contribuir para o crescimento dos alunos da Rede Municipal da Capital.

“Está sendo uma experiência fantástica poder impactar de forma positiva na vida de alunos de escolas municipais de João Pessoa, levando de forma simples e lúdica a programação, tecnologia e inovação. O projeto permite semanalmente a criação de aplicativos para celular desenvolvidos em sala de aula com o auxílio dos monitores, que também são alunos e participantes do projeto. Vejo um futuro promissor nesses jovens e como eles podem trazer inovação para nossa cidade com o pensamento criativo deles”, contou.

  • Texto: Allan Hebert
    Edição: Cristina Cavalcante
    Fotografia: Kleide Teixeira